sexta-feira, 30 de agosto de 2019

BDteca: TINTIN NO PAÍS DOS SOVIETES (1929)...o Tintin de sempre!

O que faz de Tintin uma série tão apreciada ao longo das gerações, perguntávamos na semana passada?
Desde logo, as características da personagem, herói moderno com virtudes antigas: Tintin é corajoso, é leal, é intrépido, é justo, é compassivo e é casto. E deve acrescentar-se a mestria de Hergé: um engenho aprimorado da narrativa, misturando o apelo da actualidade com uma visão humanista e um apurado sentido do gag. Milu é a perfeita personagem adjuvante, função que mais tarde repartirá com o Capitão Haddock.
Todas essas qualidades aparecem em Tintin no País dos Sovietes. Sim, é um trabalho dum jovem, mas o talento já se manifesta, apesar das puerilidades e da influência do catolicismo reaccionário. Se as pranchas são vulgares quanto à disposição das vinhetas, estão bem conseguidas no dinamismo da composição, contribuindo com eficácia para o ritmo vertiginoso da narrativa, nas suas 137 folhas: na segunda prancha deparamos com o primeiro vilão e a primeira explosão; na terceira, a primeira detenção; na quinta, a primeira cena de pancadaria e o primeiro disfarce; à sexta, a primeira perseguição automóvel…
Obra de propaganda, é verdade, mas se pesquisarmos os delírios propagandísticos que se seguiram, veremos que Tintin no País dos Sovietes é mesmo aquilo que é: uma brincadeira de crianças.

Texto e desenhos: Hergé
Difusão Verbo, Lisboa, 1999

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Arlindo Fagundes, O COLEGA DE SEVILHA (2019): a grande travessia

Arlindo Fagundes (Ovar, 1945) é um autor de BD veterano que milhares de portugueses conhecem, em especial pelas ilustrações da colecção «Uma Aventura». O terceiro álbum do seu herói, Pitanga, O Colega de Sevilha, coloca-o no centro de um dos maiores dramas dos dias de hoje: o tráfico de refugiados e migrantes ilegais, da costa de Marrocos às praias de Espanha.
Enquanto este texto é escrito, dezenas de refugiados e imigrantes, esperam há semanas, ao largo da ilha italiana de Lampedusa, autorização para desembarcar; alguns atiram-se ao mar, julgando que conseguem vencer as duas ou três milhas que os separam da costa; na ilha grega de Lesbos, milhares aguardam, numa espécie de limbo, que a vida prossiga, nos perigos que encerra um centro de refugiados... O Colega de Sevilha é, assim, um mergulho na actualidade que traz à tona uma velha discussão, a propósito doutras artes, mas também com cabimento na BD: a de esta poder ser igualmente bem servida se tratar de assuntos do nosso tempo. Hergé, de quem se fala aqui ao lado, é disso exemplo: boa parte da sua obra abordou temas candentes que lhe eram contemporâneos. E nem é necessário enveredar por vias panfletárias e politicamente comprometidas – basta tão-só mostrar. O livro de Arlindo Fagundes é, desse ponto de vista, extraordinariamente conseguido.                  
O protagonista desta história, Pitanga, “barbeiro de luxo ao domicílio” e motard aficionado, com o seu inconfundível cachecol branco às bolinhas pretas e t-shirt de riscas à Pat Metheny, tem laivos de anti-herói e um humor ligeiramente ácido. Pela pinta e pela pose, entra bem na categoria das personagens carismáticas da BD europeia, de Blueberry a Corto Maltese. Em bolandas em Tânger, e coagido por uma rede de traficantes a pilotar um desses pneumáticos a motor que costumamos ver sobrelotados nos telejornais, faz a travessia do Mediterrâneo com umas quantas dezenas de foragidos da África Subsaariana, muitos deles harragas, ou indocumentados – gente que queimou a identificação do país de origem, para que não se possa determinar se são refugiados de um estado em guerra ou meros migrantes económicos. São passageiros do desespero que não se limitam à parte negra do continente africano, mas também jovens magrebinos que fogem das suas aldeias, de um horizonte sem perspectivas de vida. Com Pitanga segue uma amizade recente, Mané, um simpático guineense com todo um passado de envolvimento na complicada e perigosa política da Guiné-Bissau – o tal colega de Sevilha
Trata-se de uma eficaz BD de formato clássico e muito bem documentada. A narrativa é fluida e aberta, deixando alguns pontos do argumento por esclarecer, quem sabe para outros assados, em próximo álbum. A organização das pranchas, oscilando entre oito e 14 vinhetas, não prejudica a fluência narrativa, para a qual contribui a desenvoltura do traço de Fagundes. Este é também o primeiro álbum a cores de Pitanga, com um óptimo trabalho de José Pedro Costa, tanto na garridice das claridades do sul, como no breu nevoento da travessia, páginas, aliás, de antologia no âmbito dos quadradinhos nacionais.

Texto e desenhos: Arlindo Fagundes
Cor: José Pedro Costa
Arcádia, Lisboa, 2019

uma vinheta de Arlindo Fagundes

O Colega de Sevilha (2019)

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

BDteca: Hergé, TINTIN NO PAÍS DOS SOVIETES (1929): O primeiro Tintin...

Lisboa, 1925. Durante as semanas em que o Repórter X enviava as suas reportagens de Moscovo, o interesse dos leitores era tal, que a revista ABC publicava uma segunda edição e acrescentava na capa: “Revista Portuguesa na Rússia”. Não se sabe se Reinaldo Ferreira, o homem por detrás do ‘X’, esteve de facto na pátria dos sovietes, os historiadores dividem-se; no entanto, pela verosimilhança do relato, o mais famoso enviado do jornalismo português sabia do que falava.
Também o jovem Hergé (1907-1983) nunca pusera os pés na pátria de Lénine, mas o relato do recém-criado Tintin foi um enorme êxito popular. Surgido no Petit Vingtième, suplemento infantil do jornal católico Le Vingtième Siècle, de Bruxelas, a partir de Janeiro de 1929, Tintin no País dos Sovietes conheceu uma edição em álbum, logo se esgotando; no entanto, só em 1973 a editora Casterman faz sair uma nova edição, com Tintin no Congo e Tintin na América, sob a designação de «Archives Hergé». Por um lado, o pendor antibolchevique não caía bem na intelligentsia ocidental complacente com o regime, com a designação de anticomunista a revestir-se de anátema incómodo; por outro, a circunstância de Hergé, simpatizante do movimento rexista belga, ser detido após a libertação sob a acusação de colaboracionismo, também não facilitara as coisas. No início da década de 1970, porém, Hergé já era consensual, e Tintin uma personagem reconhecidamente humanista.  Além disso, o prestígio que a União Soviética exercera na década de trinta, vinha ruindo paulatinamente, também por obra de escritores como Koestler, Orwell e Soljenítsin.
O que há do Tintin que todos amamos neste trabalho de juventude é o que veremos na próxima semana.

Tintin no País dos Sovietes
texto e desenhos: Hergé
Difusão Verbo, Lisboa, 1999

Takashi Murakami, O CÃO QUE GUARDA AS ESTRELAS (2008): amor cão


A manga japonesa era, até ao fim do século passado, uma excentricidade no trabalho dos artistas de BD ocidentais. Hoje, pelo contrário, ganhou o seu espaço, e muitos são os desenhadores da Europa e das Américas que adoptaram esse estilo peculiar, a que os leitores mais tradicionalistas vão torcendo o nariz: aquelas pupilas anormalmente dilatadas ou ‘buracos’ no lugar das bocas, são por vezes desagradáveis. É verdade que grande parte da manga se publica no âmbito da produção massificada, como, de resto, os comics norte-americanos; nas mãos de grandes autores, porém, e com um lastro secular remontando ao Japão medieval, a manga de qualidade compara com o melhor que se faz em qualquer latitude.
O Cão que Guarda as Estrelas (2008), da autoria de Takashi Murakami não participa da categoria da obra-prima, mas bem merece uma leitura. Fala-nos de um homem solitário e doente, um peso para a mulher, que entretanto pede o divórcio; e conta-nos também do cão dessa família e narrador desta história, chamado «Happy», prenda para a criança da casa, que, uma vez chegada à adolescência, deixa de achar graça ao bicho. Dono e cão, dois abandonados, empreendem então uma longa viagem de automóvel pela costa japonesa, em busca de uma solução para uma existência a partir de agora sem grandes saídas, salvo talvez no país da infância, ou seja, a terra natal do dono – “sou da infância como se é de um país”, escreveu Antoine de Saint-Exupéry, já piloto de guerra, não muito antes de juntar-se  definitivamente ao Principezinho...   Só que o leitor é confrontado desde a primeira prancha com a descoberta macabra pela polícia de um carro abandonado num campo de girassóis, onde jazem os corpos de um homem e um cão. Esta informação prévia não retira nenhum interesse à história, pelo contrário: o aliciante é o confronto com o caminho realizado pelas duas personagens, os encontros e as peripécias da viagem, até ao seu desenlace.
”O cão que guarda [olha] as estrelas” é uma expressão popular no Japão, correspondente ao nosso “fazer castelos no ar”, significando a aspiração utópica a algo irrealizável; expressão com que o pessimista Takashi Murakami nos oferece esta crónica de uma felicidade perdida e nunca reencontrada.
Uma segunda narrativa, intitulada Girassóis, com outras personagens (cão e dono), também elas solitárias, acrescenta alguma poesia à situação inicial, correndo, porém, o risco da redundância. Fica, no entanto, vincada a intenção do autor, trabalhada em torno da importância dos animais de estimação nas nossas vidas cada vez mais atomizadas, e de como eles acabam por funcionar como um último vínculo na desesperança do abandono e da solidão.
Uma nota final para uma característica editorial, que se normaliza à medida que a publicação de BD japonesa vai ganhando mercado: esta manga lê-se de acordo com o padrão original, ou seja, da direita para a esquerda, iniciando-se a leitura pelo que seria a contracapa nas edições ocidentais, o mesmo sucedendo com a disposição das vinhetas em cada página.

O Cão que Guarda as Estrelas
texto e desenho: Takashi Murakami
edição: JBC Portugal, Lisboa, 2018

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

BDteca. Joe Musial, OS SOBRINHOS DO CAPITÃO: a grande rebaldaria.

The Katzenjammer Kids / Os Sobrinhos do Capitão surgem em 1897 no New York Journal. William Randolph Hearst, magnata da imprensa, cometera a Rudolph Dirks (1877-1968) a criação de uma série inspirada no livro de infantil de Wilhelm Busch, Max und Moritz (1865). Quando mais tarde Dirks se passa para o grupo do rival Joseph Pulitzer, levando as personagens consigo, Hearst contratou Harold Knerr (1883-1949) como substituto. E assim, dois jornais concorrentes publicavam ao mesmo tempo e com o mesmo título as tropelias das mesmas personagens, mas com autores diferentes – uma proeza digna de Hans e Fritz, os dois sobrinhos... Em tribunal, o juiz permitiu que ambas continuassem, mas obrigou Dirks a mudar o nome, e The Captain and the Kids ficou.
«Uma verdadeira saga de destruição», escreveu o crítico brasileiro Marco Aurélio Lucchetti na introdução a este livro de páginas dominicais saídas entre 1957 e 1960, da autoria de Joe Musial (1905-1977). Cada página com Hans e Fritz, Dona Chucrutz, a mãe, o Capitão e o Inspector é um atentado à tranquilidade dos últimos, dois aposentados, com doses equilibradas de estupidez e maldade. Bem sucedidos muitas vezes, noutras os rapazes não se livram de uma tareia à antiga. O êxito deve-se ainda ao exotismo do cenário – palmeiras e coqueiros são omnipresentes –, situado numa colónia alemã da África Oriental, onde não faltava um régulo sabido e, no original, um inglês arrevesado com alemão, que exponencia o cómico das situações. Com ingredientes politicamente letais, a série perdeu espaço na América de hoje, terminando em 2006.
Os Sobrinhos do Capitão
texto e desenhos: Joe Musial
Editora Oprea Graphica, São Paulo, s.d.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

André Oliveira & vários autores, ALMANAQUE (2018): verdades essenciais

 
        Noutros tempos, quando o país era eminentemente rural, um almanaque era, depois do missal, o breviário que encontrava guarida em todos os lares, concentrando numa mesma publicação tudo quanto era necessário à travessia do ano sem percalços, da meteorologia aos dias santos a guardar. Eça de Queirós, que escreveu sobre o assunto como ninguém, na apresentação do Almanaque Enciclopédico para 1896, falava de como estes livrinhos singelos mas profusos guardavam as «verdades essenciais que a humanidade necessita saber, e constantemente rememorar».
            André Oliveira (Lisboa, 1982) – um dos mais prolíficos argumentistas da BD portuguesa –, ao escolher para esta colectânea o título Almanaque, teve, por certo, a intenção de espelhar a diversidade de que o volume se compõe. São 24 «curtas de BD», algumas inéditas, outras publicadas na revista Cais, em parceria com outros tantos desenhadores: André Diniz, Rui Lacas, Phermad, Bernardo Majer, Pedro Serpa, João Lam, Nuno Frias, Afonso Ferreira, João Vasco Leal, Luís Louro, Patrícia Furtado, Miguel Andrade, Daniel Viçoso, Tiago Lobo Pimentel, Selma Pimentel, Filipe Andrade, Darsy Fernandes, Catarina Paulo, João Sequeira, David Cerqueira, Susana Resende, Susa Monteiro e Marta Teives. Parte destas narrativas caracterizam-se pelo humor, cujos melhores exemplos serão o nonsense garoto do díptico «Coisas que o t-rex não consegue fazer» e «Coisas que o dentes-de-sabre não consegue fazer», com desenhos de Pedro Serpa; ou ainda «Se Janeiro deixar» (com João Sequeira), a lembrar os Gato Fedorento.
            Mas o melhor André Oliveira surge, quanto a nós, naqueles relatos em que perpassa uma melancolia fina, uma angústia existencial insistente, em confronto com o sentimento trágico da vida, a sua fragilidade, e que por isso mesmo procura valorizar o que é verdadeiramente importante para si, denunciando um romantismo que não vai bem com a modernidade suicidária que vivemos: a constância no amor, os vínculos familiares, a fidelidade a si próprio, a memória da inocência, quantas vezes ao sabor dos caprichos do acaso – outras verdades essenciais que Eça estava longe de  desconhecer, mas que não tinham a primazia para o público, numa época que ainda não voltara costas ao campo e se orientava pela regularidade das estações. «Mesmo assim, abandonei-te» (com desenhos de Rui Lacas), «No meu lugar» (Filipe Andrade), «Saudade» (Darsy Fernandes), «Nina» (Catarina Paulo) ou «Narciso» (Susa Monteiro, também autora da capa), são alguns dos momentos inexcedíveis deste livro.

 Almanaque, Bicho Carpinteiro, Lisboa, 2018

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

BDteca - Didier Daeninckx e Jacques Tardi, VARLOT SOLDADO (1999): Desenhar a morte

Jacques Tardi (n. 1946) é um dos mestres da banda desenhada europeia, um estilo único; mais do que herdeiro da linha clara de Hergé e Jacobs, foi alguém que a transfigurou, tornando-a marca pessoal imediatamente reconhecível. Neto de um soldado das trincheiras, a Grande Guerra é um tema obsidiante neste autor, que, logo no verso do frontispício, avisa-nos ao que vem: «Tenho a impressão de que não podemos fugir à guerra. Mesmo nós, mesmo hoje. / A guerra que mostro não é mais que o décor de 14-18, os uniformes. / Acho que continua actual, o que me inquieta.» Neste álbum, com argumento do romancista Didier Daeninckx (n. 1949), a insanidade da carnificina do conflito mundial de 1914-18 aparece carregada na sua crueza pela utilização magistral do preto e branco, com terra e carne humana retalhadas pelos projécteis arremessados por todas as bocas de fogo, abrindo crateras no lamaçal da Flandres. Duas vinhetas por página são quanto basta para a respiração do texto de Daeninckx: «Uma tonelada de pólvora da casa Krupp destruiu tudo: os mortos, o pelotão, a pocilga onde nos tinham fechado.» A trama, sendo simples, é rica, explorando os quiproquós em que a comédia humana é fértil, aqui exponenciados pelos desencontros da guerra, à rectaguarda: o hospital de campanha, o bordel, os desertores com destino marcado. (Edições Polvo, 2001)




terça-feira, 6 de agosto de 2019

José Ruy, A ILHA DO CORVO QUE VENCEU OS PIRATAS (2018): croudwriting

Quando atravessamos talvez o melhor momento de sempre da BD portuguesa, pela profusão e qualidade de desenhadores e argumentistas, é de elementar justiça lembrar aqui o último abencerragem dos tempos heróicos das histórias aos quadradinhos nacionais: José Ruy (Amadora, 1930), das páginas de O Papagaio, O Mosquito, Cavaleiro Andante, Tintin, Spirou – até hoje. Apaixonado pela História e pela sua divulgação, não por acaso, a principal personagem que criou é o navegador Porto Bomvento, a singrar pelos cinco cantos do globo; e dois dos seus trabalhos mais marcantes resultem das adaptações em banda desenhada da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto e Os Lusíadas, de Luís de Camões, a que podemos acrescentar as muitas monografias sobre cidades e vilas do país, sem esquecer as várias biografias, de Charles Chaplin a Dimitrov, reveladoras desse interesse. No campo humorístico, o artista deu o seu contributo na que foi talvez a melhor revista que por cá se publicou, o semanário Tintin. Quem lhe percorreu as páginas, decerto não esquece a dupla de repórteres Clique e Flash deambulando pela redacção do hebdomadário, caricaturando com imensa graça quem a produzia semanalmente, em especial Dinis Machado e Vasco Granja, que nela tiveram influência decisiva.
Se o crowdfunding é uma prática normalizada pela comunicação das redes sociais, com A Ilha do Corvo que Venceu os Piratas (Âncora Editora, 2018), José Ruy tornou-se pioneiro do que poderemos chamar croudwriting, uma vez que a narrativa teve a participação activa dos corvinos, na composição deste relato de história antiga. No século XVII, aquela população isolada fez frente, com êxito, a um ataque duma frota de dez embarcações de piratas barbarescos – assim eram chamados os salteadores marítimos baseados em Argel e em Túnis –, que frequentemente empreendiam razias nas ilhas e no continente, em especial no Algarve, saqueando e fazendo cativos, vendidos nos mercados de escravos do Norte de África.
A narrativa parece seguir de perto as fontes documentais de que o autor lançou mão, por vezes com excesso de didactismo. Trata-se, porém, duma BD clássica de autor histórico, que à História e aos clássicos consagrou uma boa parte do seu labor.  O traço ágil de José Ruy conserva-se inalterado. As vinhetas iniciais da primeira prancha são esplêndidas em movimento e cor, dando em cheio a solidão da pequena ilha, exposta à inconstância dos elementos naturais no meio do Atlântico, e o insulamento daquela população entregue a si própria e a Deus, apenas lembrada pelo donatário, quando este exigia o tributo anual. (Âncora Editora, Lisboa, 2018)

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

quinta-feira, 1 de agosto de 2019