domingo, 29 de março de 2020

Zé do Telhado

Contado por Camilo Castelo Branco, nas Memórias do Cárcere (1862) e cantado por José Afonso, no álbum Fura Fura (1979), posto na tela pela primeira vez por Rino Lupo (1929), vendido nas feiras por esse país fora em literatura de cordel, o sargento de Lanceiros condecorado por bravura com a Torre e Espada, bandoleiro salteador, deportado para Angola, onde viria a morrer, José Teixeira da Silva, mais conhecido por Zé do Telhado (1818-1875), vê agora a sua vida em BD por Eugénio Silva, Zé do Telhado – De Lanceiro a Salteador (Calçada das Letras).

Billy The Kid

E já que falamos de bandidos, completemos os círculo e voltemos ao Oeste, com um dos mais coriáceos outlaws daquelas terras sem lei, William Bonney, (1859-1881), nascido, quem o diria, na ilha de Manhattan, e não em qualquer cidadezinha sem lei a oeste de Pecos. Na colecção «West Legends», depois de Wyat Earp, a legenda do pistoleiro celebrizado por outro xerife, Pat Garrett, o homem que o matou e depois arranjou um ghost writer para lhe fazer a biografia. Este álbum, editado pela Soleil, relata a participação de Billy numa dessas muitas guerras particulares, provocadas por interesses contraditórios: a Guerra do Condado de Lincoln, pomposa designação para uma escaramuça de sicários que opôs comerciantes a fazendeiros, de que se fez a história da grande nação americana.

quinta-feira, 26 de março de 2020

um clássico imediato

Há obras que nascem já clássicas. É o caso desta longa narrativa de Émile Bravo em torno das primícias de Spirou, L’Espoir Malgré Tout, sobre cujo álbum inicial, Un Mauvais Départ, já aqui falámos, em Setembro passado.
A acção continua a decorrer na Bélgica ocupada pela Alemanha nazi, um suplemento de miséria moral a acrescentar ao já difícil estado de guerra, com o seu quotidiano de medo, carência e princípios vacilantes, em parte devido à necessidade de sobrevivência… Os motivos principais de Bravo: as consequências da guerra, a subnutrição infantil; a perseguição ao judeus, desde a obrigatoriedade do uso da estrela de David ao início das deportações em massa para um lugar na Polónia, cujo nome maldito não fora ainda apreendido por ninguém; finalmente, o amor, a ausência dele, a sua quase impossibilidade em tempos de catástrofe e afastamento, numa abordagem sóbria, clara e nada infantil, uma vez que Spirou, como todas as grandes criações de BD, se destina a todos os públicos.
O desenho minucioso, sendo tão assumidamente “linha clara” é também absolutamente original. A cor, a cargo de Fanny Benoit, está sabiamente doseada, tons frios neutralizados pela presença reconfortante de Spirou e Fantásio em digressão de teatrinho de marionetas contando as aventuras de… Spirou e Fantásio – uma reconfiguração histórica das origens da personagem, cuja criação e criador se perdem e confundem já noutro tempo e noutro mundo, anterior à II Guerra…
Um dos grandes méritos desta narrativa é a densidade psicológica dos protagonistas. Fantásio – o Capitão Haddock de Spirou –, nas suas contradições e fraquezas, postos por vezes em situações-limite, mostra alguma evolução, nunca deixando de ser o contraponto humorístico da generosidade, por vezes candura e integridade do jovem groom a sair da adolescência. Bravo consegue o prodígio, na releitura que empreendeu desta série canónica, a proeza, só ao alcance dos grandes autores, de contagiar as versões pretéritas de Spirou, de tal modo que será difícil pegar mesmo nos maiores, como Franquin ou a dupla Tome & Janry, alheando-nos da poderosa caracterização inscrita pelo autor.
Mesmo em curso de publicação, com dois álbuns editados em quatro previstos, apostamos a cabeça de leitor de BD na consagração futura e absoluta de L’Espoir Malgré Tout como uma obra maior da nona arte, enfileirando justamente com os pares que a aguardam no lugar que lhe é devido: de O Lótus Azul a Maus, de Forte Navajo à Balada do Mar Salgado. Pode o leitor português alegrar-se, pois esta excepcionalidade será garantia de que cedo ou tarde ela aí estará para quantos não possam ler no original.

Spirou – L’Espoir Malgré Tout – t. II – Un peau plus loin vers l’horreur
testo e desenho: Émile Bravo
cor: Fanny Benoit
edição: Dupuis, Marcinelle, 2019



terça-feira, 24 de março de 2020

a sultana jubilosa

Hürrem Sultan (c.1502-1558), ou Roxelana, como é conhecida no Ocidente, antiga escrava de origem ucraniana, favorita e depois consorte do califa e sultão Solimão o Magnífico, foi a mulher mais influente do Império Otomano, no período áureo do poder turco. Entre muitos retratos seus que subsistem, avulta o de Ticiano, La Sultana Rossa (c. 1550). Com raízes na Ásia Central, e tendo penetrado bem dentro da Europa – os turcos estiveram à beira de conquistar Viena no século XVII – o resultado foi um mosaico cultural fascinante, em que Oriente e Ocidente se misturam. Na colecção «Reignes de Sang», da Delcourt, saíu o primeiro tomo dedicado à sultana, Roxelane la Joyeuse, com texto de Virginie Gregnier e desenhos de Olivier Roman.

domingo, 22 de março de 2020

O álbum de que todos falam

Não se afigurava possível, mas parece que alguém “limpou” o cowboy que atira mais rápido do que a própria sombra… Uma homenagem de Matthieu Bonhomme, já de 2016, a Morris e à grande personagem criada em 1946, agora em edição de A Seita, O Homem que Matou Lucky Luke.

sábado, 21 de março de 2020

Boris Vian

Sexo, álcool, jazz e racismo no sul dos Estados Unidos, Irei Cuspir-vos no Túmulo (1946) livro agreste e cru de Vernon Sullivan, a.k.a. Boris Vian, que à época se apresentou como “tradutor”, conhece agora uma adaptação em BD por Jean-David Morvan, com desenhos de Rey Macutay, Rafael Ortiz, Scientronc. Edição Glénat.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Tarzan

Tarzan dos Macacos, romance publicado em 1912 por Edgar Rice Burroughs (1875-1950), escritor de pulp fiction, tornou-se o epítome de uma certa visão do homem ocidental e da efectiva supremacia de então. A história é conhecida: após um naufrágio ao largo da costa ocidental de África, lord e lady Greystoke, aristocratas britânicos, constroem uma cabana, procurando rodear-se dum mínimo de conforto com os salvados do navio. John Clayton, nascido em plena selva, não chegará a ter memória dos pais. Será Kala, uma fêmea gorila quem descobrirá um bebé a quem chamará Tarzan, ‘o de pele branca’, na sua língua simiesca… Dotado de grande inteligência, destreza física, uma força sobre-humana e um grito de guerra que atemoriza os outros animais, chegado à idade adulta, Tarzan virá a tornar-se o ‘rei’ incontestado dos símios e, com magnanimidade, ditará a lei naquele território.
Tarzan combina a fantasia do bom selvagem às avessas com a do fardo do homem branco, polvilhada pelas imaginosas narrativas finisseculares. Nessa medida, não estranha vê-lo em auxílio do rei Dalon, bem amado soberano cujo reino com cenário medievo fora tomado de assalto por dois aventureiros anglófonos, Flint e Gorrey. Se o monarca parece provir do círculo arturiano, também a princesa Nakonia se assemelha a uma estrela de Hollywood. Ingenuidades que atingem um patamar hilariante quando Tarzan se dirige aos seus num inglês impecavelmente traduzido: «Pois bem! – exclama Tarzan – apesar de ser uma loucura, guiar-vos-ei!»... Narrativa de aventuras puras, verifica-se uma quase paragem da História, quando, depois de expulsos pelo nosso herói, os dois rufias, recorrendo ao financiamento de um magnata do crime, Andol Rakka – o nome orientalizante é outro cliché –, invadem de novo o reino com uma poderosa força de guerra, composta por mercenários, blindados e aviões. Será o homem-macaco a liderar os animais da selva para o embate; os súbditos, aparentemente, parecem incapazes de defender-se por si sós...
O que há de particular interesse neste álbum, é a passagem de testemunho de Hal Foster para Burne Hogarth – os dois maiores desenhadores da série –, de um domingo para o outro: 2 e 9 de Maio de 1937. Foster (1892-1982), vindo da publicidade, trabalha na personagem de Burroughs durante oito anos, abandonando-a para criar o Príncipe Valente, uma das melhores bandas desenhadas de sempre; Hogarth (1911-1986) responde a um concurso aberto pela UFS, com uns desenhos à maneira de Foster, sendo contratado.
Se o primeiro é um soberbo fisionomista e, conhecendo Valente, já o estamos a ver nas vinhetas do homem-macaco, Hogarth, embora ainda muito colado ao primeiro, revela um plasticidade superior no movimento e na anatomia, qualidades que levará ao máximo na adaptação da história original, em 1973.
Tarzan na Cidade do Ouro – 3.ª parte
desenhos: Hal Foster e Burne Hogarth
edição: Futura, Lisboa, 1987
capa de Augusto Trigo, a partir de vinheta de Hogarth

segunda-feira, 16 de março de 2020

eles existem

A vida cinzenta dos jovens nos subúrbios de Paris, a falta de horizontes, a ausência de exemplo, o desengano, as estratégias de sobrevivência de quem cresce na sombra, nos lugares que preferimos não conhecer. En Falsh,t. 1 – On Est Là, trabalho soberbo de Oz e Bastien Sanchez, edição Delcourt.

quinta-feira, 12 de março de 2020

a verdadeira história verídica

É o título de uma colecção humorística sobre líderes sanguinários, com textos de Bernard Swysen e o concurso de vários desenhadores.: Calígula, Átila, Torquemada, Drácula, Robespierre, Hitler e agora Stálin, numa BD animalista, com o talento de Ptiluc nas imagens: o pai, sapateiro violento e alcoólico, é um rato, a mãe uma porca, o médico uma ave pernalta, o padre ortodoxo um bode, o mestre—escola um mocho, evidentemente. Stálin, nesta fábula, aparece como um rato anafado e próspero. Mais uma série que poderia ter edição portuguesa.



quarta-feira, 11 de março de 2020

à maneira de Alice

Melvina é uma pré-adolescente um pouco aborrecida por nunca ser tida nem achada pelos pais nas decisões que lhe dizem respeito. O gato Octavius é o principal confidente. Numa tarde de queixumes, o bicho salta pelo telhado e Melvina, no seu encalço é recebida por um velho afável, de longa barba branca, que a conduz a uma sala, onde, tomando chá, a aguardam um raposo, um mocho e uma texuga… Melvina, de Rachele Aragno (Dargaud).


domingo, 8 de março de 2020

feios, velhacos e (muito) divertidos

Edibar da Silva é um extraordinário anti-herói: bebedolas, louco por cerveja (uísque também serve) consumida em casa diante da televisão ou no boteco do Bigode, de preferência na companhia do amigo dilecto, Zé Manguaça. Só uma vez, neste livro inicial recentemente editado, percebemos o que este zerói (obrigado, Ziraldo!...) faz na vida: trabalha para o município, num daqueles veículos pesados que fazem a recolha dos excrementos no saneamento básico. Para evitar ferir susceptibilidades – confirmámo-lo numa entrevista –, não sabemos qual o 'time' por que torce. Aliás, política, religião e futebol, são temas que o autor evita propositadamente; mas também não fazem grande falta: a riqueza da velhacaria de Edibar, como a de, vez por outra, a de muitos de nós, é tal, que não falta material ao autor, o brasileiro Lucio Oliveira, natural do Paraná.
Da internet e da imprensa local para o mundo lusófono (para já), Edibar é dono de um Fusca (Carocha) de 1968, um cão chamado Gole – a criatura mais inteligente da série – e consorte de “uma mulher chata”, nas suas palavras e por esta ordem de importância… Trata-se da abnegada Edimunda, moura de trabalho que sai do sério quando o marido abusa da mandriice; um estafermo no que respeita à beleza, não destoando do par, que, por sua vez, não se comove com as tentativas falhadas de sedução, mesmo com recurso a lingerie sensual, por parte da esposa. Edibar é uma espécia de casanova de bairro com as mulheres dos vizinhos – Cornélio que o diga –, e nem a esposa do médico, o Dr. Sarado, cujo armário do quarto Edibar costuma frequentar, por vezes na companhia do Zé Manguaça, é poupada, sem esquecer todo um lote de garotas de programa, não admirando, pois, os queixumes de Edimunda. A família alarga-se à sogra, a Dona Ana Conda, que nutre um correspondido ódio pelo genro, Edipai e Edimãe, surdos que nem portas e velhos gaiteiros nostálgicos, e o ainda o sobrinho Edinho, leva e traz de quiproquós.
Toda esta patota reside na Vila Xurupita, uma homenagem ao Zé Carioca de Ivan Saidenberg e Renato Canini, e a todos esses maravilhosos favelados, Nestor, Pedrão & C.ª, madraços à medida do humor doutras crianças, mais inocentes nesse então.
Edibar, com a sua boçalidade, ignorância e leveza existencial lembra alguns antecessores. Desde logo Andy Capp / Zé do Boné, do inglês Reg Smythe, que O Primeiro de Janeiro publicava – nesses tempos em que havia tiras aos magotes nos jornais... –; ou ainda, fora do mundo dos quadradinhos, o especioso Archie Bunker da série da CBS dos anos 70 All In The Family. Politicamente incorrecto, machista, grosseiro, tudo se conjuga neste cromo através da perspicácia e agudeza de Lucio Oliveira.

Edibar, vol. 1
texto e desenhos: Lucio Oliveira
edição: Polvo, Lisboa, 2019

sexta-feira, 6 de março de 2020

Ric Hochet

Do melhor que a BD de puro entretenimento nos deu, pela mão da dupla A.-P. Duchâteau e Tibet. Os argumentos diabolicamente bem urdidos, o desenho único, dinâmico, como se cada imagem ganhasse movimento… Com a morte de Tibet e Duchâteau nonagenário, após quase 60 anos e perto de 80 álbuns (!), a série foi repegada por Zidrou no argumento e Van Lient, estando o primeiro álbum publicado entre nós pela Asa. Na Bélgica saiu há pouco o quarto volume, Tombé pour la France (Le Lombard). Ric Hochet, jornalista de La Raffale, com o seu blaser branco com com pintas pretas e um Porsche amarelo; o comissário Bourdon e a filha, Nadine, namorada de Ric, e ainda, por vezes, o pai deste, Richard, um elegante vigarista, que põe o filho em apuros, estão na base destes policiais magníficos.



quinta-feira, 5 de março de 2020

Integrais

Há muito que uma das estratégias das grandes editoras de BD é a publicação da edição integral das séries mais emblemáticas, juntando vários álbuns num único volume. Outro tipo de edição integral é a dos Peanuts, de Charles M. Schulz (Afrontamento), uma vez que estamos a falar de reunião de material publicado inicialmente em tiras de jornal. Quanto à BD franco-belga, em curso de publicação: Blueberry, de Jean-Michel Charlier e Jean Giraud (tomo 9, Dargaud), Bob Morane, de Vernes e Coria (Le Lombard, t. 14); Capricorne, de Andreas (t.2, Le Lombard); Magasin Géneral , de Loisel e Tripp (Casterman, 2 tomos), Martin Milan, de Godard (Le Lombard, t. 3), Nestor Burma, de Malet e Tardi (Casterman, tomo único), Thorgal, de Rosinski e Van Hamme (preto e branco, Le Lombard, t. 5); Vasco, de Chaillet (Le Lombard, t.9). Entre nós, a Arte de Autor acaba de lançar o segundo volume a preto e branco do western de Hermann e Greg, Comanche.


quarta-feira, 4 de março de 2020

«O RAIO U»

Muitos clássicos da BD mantêm o viço; outros têm um interesse eminentemente histórico, como é o caso do livro de hoje. Isto para dizer que, retomando o espírito inicial desta página, iremos conjugando novas e velhas leituras.
O Raio U marca a estreia nos quadradinhos de largo fôlego de Edgar Pierre Jacobs (1904-1987), na revista Bravo em 1943, pertence sobremaneira à categoria da obra que ficou nos anais, embora se situe uns bons furos abaixo da série que o consagrou, Blake e Mortimer.
A génese é conhecida: Jacobs, um homem da publicidade e da ilustração com uma paixão pela ópera – fora barítono, sem espectáculos na Bélgica ocupada – ingressara na revista Bravo, especializada nos comics americanos, com Flash Gordon no principal cartaz. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, o material deixa de chegar; e em pânico, o chefe-de-redacção pede a Jacobs para substituir o consagrado Alex Raymond. Na autobiografia, Un Opera de Papier – Les Mémoires de Blake et Mortimer (1981), revela que se sentiu lisonjeado, embora receoso, com o seu pastiche Gordon l’Intrépide, e também por isso nunca assinou a contrafacção, que tinha os dias contados: os alemães proibiram as historietas americanas e foi assim que surgiu O Raio U, ‘descaradamente’ inspirado no modelo americano, embora recorrendo já a filacteras, bem como antecipando alguns tópicos que irá retomar na série que o consagrou, e explorando também um imaginário que fora desenvolvido por autores como Júlio Verne, Conan Doyle ou H. G. Wells.
A história, cheia de peripécias, é contudo linear: uma missão num território remoto, em busca de um metal raro, necessário ao desenvolvimento de uma arma pelos cientistas da Nordlândia, ‘os bons’, tem um agente infiltrado da Austrádia, em trabalho de sabotagem. Os primeiros fazem as vezes dos britânicos e aliados, os outros são ‘os maus’, o que em 1943 só podia ter um significado preciso.
Vale a pena olhar a capa capa com atenção. Desde logo, a promessa de um turbilhão de aventuras; e, no canto superior esquerdo, um 'aeropilha', nave aérea que aponta, não inocentemente, para o nome do autor, E. P. Jacobs, o criador do 'espadão', fazendo-se desta forma a ligação à aventura inaugural de Blake & Mortimer, de todos conhecida.
O ritmo é realmente alucinante – nas últimas vinhetas ocorre uma batalha aérea... – e os jovens contemporâneos que liam a Bravo devem-no ter sentido. Greg, que assinou o prefácio, recordava: “toda uma geração de jovens leitores se agarrava a este O Raio U reluzente, para fugir, uma vez por semana, ao realismo cinzento e negro da Ocupação.” A mestria de folhetinista de Jacobs deixava os leitores em suspenso no último quadradinho de cada prancha, fazendo a rapaziada ansiar pelo número seguinte.
O Raio U
texto e desenhos: E. P. Jacobs
Livraria Bertrand, Amadora, 1978


segunda-feira, 2 de março de 2020

os 'Patinhas'...

Pelos quadradinhos Disney, nem sempre bem tratados e muitas vezes malquistos, passou do melhor: de Floyd Gottfredson a Ub Iwerks, de Carl Barks a Paul Murry, sem falar nas equipas espalhadas por esse mundo, de Itália ao Brasil, de Romano Scarpa a Ivan Saidenberg, o inventor do genial Morcego Vermelho. Em França, a Glénat lançou uma colecção em que este universo encantatório é abordado, com a participação de grande nomes da BD francófona, como Cosey, o criador de Johnatan, Lewis Trondheim (A Mosca) ou Régis Loisel (Armazém Central), entre outros. O mais recente, saído no final do ano passado, é de Cosey e intitula-se Minnie et le Secret de Tante Miranda. O poético Cosey dedicou-se a desenhar uma aventura da namorada do Mickey na companhia da amiga dilecta, a vaca Clarabela… As paisagens nevosas que conhecíamos de Johnatan regressam agora, e acreditem que é muito bom de se ver.