quinta-feira, 12 de setembro de 2019

oh as casas

A nossa casa é, idealmente, o lugar por excelência onde melhor nos sentimos, refúgio, castelo, recinto privilegiado em que assistimos ao desenrolar das vidas dos que nos são próximos. Um edifício abandonado ou em ruínas confronta-nos desapiedadamente com vida vivida, para sempre desaparecida ali e, por consequência, com a melancolia da finitude. É sobre isto que nos fala The Building (O Edifício, na tradução brasileira), de Will Eisner (1917-2005), dos autores mais talentosos que a BD já conheceu, criador do Spirit, e um dos pioneiros da graphic novel.
O Edifício é uma história sobre um prédio nova-iorquino situado no cruzamento de duas avenidas, que albergou dezenas de famílias e indivíduos ao longo de décadas, silenciosa testemunha de outras tantas existências. Uma epígrafe inicial de John Ruskin, dá o tom: «Os edifícios antigos não nos pertencem. Em parte são propriedade daqueles que os construíram; em parte das gerações que estão por vir. Os mortos ainda têm direitos sobre eles: aquilo por que se empenharam não cabe a nós tomar.»
Com o desenho singular que o caracteriza, o tratamento opulento da prancha como vinheta isolada ou superfície única para várias vinhetas, com sem cercadura, Eisner consegue o pleno na arte combinatória da novela gráfica.
Will Eisner, O Edifício

Editora Abril, São Paulo, 1987

Sem comentários:

Enviar um comentário