Um homem acorda dum
pesadelo com uma série de duendes ao lado, que lhe dizem ser um dos
sete anões, e de repente, em miraculosa aparição, surge uma
generosíssima mulata, longe de ser alva como a neve. (Os anões já
estavam fora, mas não era o seu dia.) Recebe, confuso, um convite
para uma apresentação dos Badsummerboys Band, no “Heaven – O
Céu Bar” – nomes que só na cabeça dos autores – Geral (Mário
Cavaco, Lisboa, 1973) e Derradé (Dário Duarte, Lisboa, 1971),
sócios nas Produções de Marda – poderia vir ao prelo. E é no
“Heaven” que, com ajuda dum uísque com duas pedras, se faz luz,
e o filme da vida passa diante dos olhos do nosso homenzinho, que é
nem mais nem menos que o próprio Pai Natal, entretanto retirado e
barbeado.
Este exaustivo
estudo de Geral & Derradé comprova que o Pai Natal é
incompatível com o mundo de hoje: da complexidade da logística da
distribuição aos direitos das renas, dos duendes reivindicativos,
aos putos exigentes, e ao franchise amador, tantos os desafios
a enfrentar… Felizmente, dois representantes duma multinacional
propuseram-lhe um contrato milionário para exploração dos
direitos de imagem, e promessas de descanso merecido, com dinheiro,
miúdas e coca. Chegámos assim à balbúrdia presente, de tal forma
que nem Dickens… Acordado de um pesadelo para outro, a história
termina com o Pai Natal vestido de Pai Natal a distribuir presentes
na boite do Céu, na festa do “Filho do Patrão”.
Pai
Natal: Um Estudo Morfológico
texto: Geral
argumento:
Derradé
edição: Polvo,
Lisboa, 2001
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