quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

50 álbuns: 10. Derib, CHINOOK (1974) -- era novidade



Duas figuras minúsculas movimentam-se, ao longe, num qualquer sopé duma zona montanhosa do Oeste americano. Na segunda vinheta distinguimos uma raposa perseguindo uma lebre, até que (3.ª vinheta) "PUM", o predador é abatido, surgindo agachado por entre os arbustos um homem loiro, barba por fazer, chapéu de cowboy e rifle fumegante. Pelo último quadradinho da primeira prancha, verificamos que tem atavios de caçador. Virada a página, Buddy Longway (é dele que se trata) dirige-se para o seu acampamento. Caçador de peles, percebemos agora.
Buddy Longway é uma das grandes criações da BD francófona (Derib é suíço). Neste primeiro álbum (de 1974) o desenho, embora realista, mantém ainda resquícios de influências disneyana, ou por aí, e doutras séries do autor destinadas a público infantil, como Yakari.
Para nós, leitores da revista Tintin nos anos 70, era novidade a disposição narrativa na prancha, vinheta dentro da vinheta, recorrentemente. Novidade seria também assistirmos, nos livros seguintes, ao progressivo envelhecimento das personagens, à constituição de família, à morte...
Derib, Buddy Longway -- Chinook, tradução de Pedro Lopes d'Azevedo, Venda Nova, Livraria Bertrand, 1978, pranchas 1-2.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

P&R [pergunta & resposta] -- José Eduardo Agualusa

Quem é o seu herói de ficção preferido?  Corto Maltese.

José Eduardo Agualusa, "Questionário de Proust", Somos Livros #5, Novembro, 2013.




terça-feira, 3 de dezembro de 2013

50 álbuns: 9. - Jean Graton, OS CAVALEIROS DE KOENIGSFELD (1967) -- VROOAP

Este álbum preencheu uma boa parte do meu imaginário infantil. Lembro-me de que ainda estava na primária quando o recebi. A capa, estranha, o piloto de espada na mão em luta com um cavaleiro medieval embuçado e envergando uma cota de malha; a vinheta do frontispício, três bólides subindo uma rampa em direcção a um castelo penumbroso, causava também sensação... Mas as duas primeiras pranchas eram do mais trivial Vaillant: uma panorâmica do circuito de Nurburgring, Michel Vaillant e o inevitável Steve Warson no meio de ases do volante da vida real e o deslumbramento um bocado cabotino de Jean Graton pelo glamour dos circuitos. Salvam-se os carros (o Mercedes descapotável da menina que aparece na última vinheta da prancha 2 justifica-se, como se verá), mais as características onomatopeias dos motores a rugir: VROOAP VROOAP !...

Jean Graton, Michel Vaillant -- Os Cavaleiros de Koenigsfeld [1967], trad. C. Rodrigues, Venda Nova, Livraria Bertrand, s.d., pranchas 1-2.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

a poesia dos quadradinhos #4 -- Paulo Abrunhosa

B.D.

"Quero ser alcatifa,
no lugar do Califa",
sibilou o Grão-Vizir,
descaradamente a mentir.
Paulo Abrunhosa, Diário de um Dromedário, Vila Nova de Famalicão, Edições Quasi, 2000.
(Iznogoud, criação de Jean Tabary e René Goscinny)




sexta-feira, 15 de novembro de 2013

repostagens -- Don Rosa: pura aventura

Deu uma qualidade à BD Disney que há muito lhe faltava. Herdeiro espiritual do magnífico Carl Barks, foi influenciado pelo sortilégio das suas narrativas, aventuras puras. Com Rosa, as personagens ganharam densidade psicológica (a imagem do Tio Patinhas/Scrooge McDuck recolhido junto das campas dos pais, na Escócia natal*, seria impensável antes dele), deixando, contudo, de apresentar aquela frescura ingénua que víamos nas estórias de Barks. A trama, porém, é sempre bem urdida, e com verdeiro enlevo para com os nossos conhecidos cidadãos de Patópolis/Duckburg.
*«Uma carta de casa», Tio Patinhas nº 231, Março de 2005.
[27 de Abril de 2005, aqui]

a poesia dos quadradinhos #3 -- Rui Knopfli

[...] Havia também / Marina, filha mais velha do pianista / do casino, pernas magras enfeitiçando, / qual deusa na selva dos comic books, / o meu desejo obscuro. [...]

Rui Knopfli, «Rua de Coolela», O Monhé das Cobras  (1997), 2.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1998.


uma capa de Will Eisner


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

50 álbuns: 8. Frank Le Gall, CAPITÃO STEENE (1987) -- invitation au voyage

Contrariando o meu proverbial sedentarismo, o imaginário portuário sempre me fascinou. Na literatura, no cinema, na pintura, na música e, obviamente, na bd. O apelo da distância, do desconhecido, do diferente, dos lugares de fronteira -- tudo sonhado no remanso do meu sofá: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Manhã cedo em Dunquerque (ao melhor estilo da revista Spirou), na primeira vinheta, 2 de Dezembro de 1927, janelas dum edifício centrado numa espécie de praça à beira do cais, ainda com luz artificial , um carro deambula ensonado, no porto dormem pesadamente os rebocadores e restantes embarcações.
No interior desse escritório de "carregadores marítimos", uma personagem empunhando uma caneta de aparo, sorri deleitadamente ante os topónimos que se lhe deparam e o fazem sonhar: "Dacar, Buenos Aires, Changai". É Théodore Poussin (Teodoro Pintainho, na tradução portuguesa anónima) sentado à secretária, que assim vai nutrindo essa vontade de ver mundo. Um telefone desperta-o dessa evasão, e o Senhor Sénard, o chefe, conhecendo esse anseio de Teodoro, comunica-lhe que no início do ano irá, a serviço da empresa, a bordo do "Cabo Padaran" com destino à Indochina.  

Frank Le Gall, Teodoro Pintainho -- Capitão Steene, Lisboa, Méribérica/Liber, s.d., pranchas #1 e 2.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Os fumetti de Fellini

Os quadradinhos da infância de Fellini: «Adora fumetti  (bandas desenhadas populares), nomeadamente as que são publicadas em Il Corrieri dei Piccoli e cujas personagens, Mickey, Mandrake, o Mágico, Flash Gordon, O Gato Félix ou Buck Rogers povoam a sua imaginação.» (Àngel Quintana, Federico Fellini, Lisboa, Público, 2008).
Mandrake, que fará encarnar por Marcello Mastroianni; bd, para a qual foi dotado e homenageado, entre outros por Milo Manara, e que nunca abandonou. 






segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Repostagens: Piratas

A figura do Barba Ruiva exerceu sempre sobre mim um fascínio a que não foram alheios o traço de Victor Hubinon e a destreza narrativa do grande Jean-Michel Charlier. Apesar disso, o poder caricatural duma certa dupla Albert-René foi tal, que não consigo pegar num álbum de aventuras do comandante do «Falcão Negro» sem que me venha à memória aquela angustiosa interjeição: «Os gau!... Os gaugau!...»

[29 de Abril de 2005, postado aqui]


sábado, 19 de outubro de 2013

50 álbuns: 7. Dany & Greg, LE CANNON DE LA BONNE HUMEUR (1983) -- "Baf"?!...

Em cenário edénico, surgem saltitando, quais efebos, Dany & Greg, os autores, envergando túnicas alvas e louros na cabeça; o primeiro, de paleta de cores na mão e pincel em riste, o segundo de pena em riste e folha branca na mão. Inspirados pela envolvente de paraíso das Escrituras -- árvores e flores viçosas, quedas d'água marulhantes e passarinhos a chilrear --, preparam-se Dany & Greg para dar início à narrativa, o que sucede apenas na última vinheta da prancha #1: um violento directo de boxeur -- BAF! -- no queixo do pugilista oponente... Trata-se de Kid Cahot, agora em knockout, transportado em maca pelo entourage aflito, em meio à vaia monumental do público. Já não é o primeiro KO; mas, estranhamente, Cahot, sem sentidos, é representado com um sorriso beatífico.
Sonha com Reverose (a "Sonhorosa" da saudosa revista dos 7 aos 77 anos), está-se mesmo a ver. Ou melhor: ver-se-á, em pranchas seguintes...
A verdade é que fomos transportados para o mundo-onde-todos-se-aborrecem, e nessa vinheta, como em toda a prancha #2, quase todas as cores desaparecem, como se pode ver na vinheta em baixo, com vários tons de vermelho, e só vermelho.

Dany & Greg, Le Canon de la Bonne Humeur, Bruxelas, Éditions du Lombard,. 1983, pranchas 1-2.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

a poesia dos quadradinhos #2 - Daniel Maia-Pinto Rodrigues

fonte: http://www.salimbeti.com/paperinik/en/paperino.htm



Não adormeças logo agora
que eu estava mais disposto e fluente
a falar-te, ainda que de novo, da contemporaneidade

ou não adormeça eu
logo agora
que o teu cabelo se encosta
à suavidade das almofadas
animando o amor do Donald e da Daisy
que, entretanto, já transpuseram
a barreira lisa do pano e do desenho
e se encaminham já para o quarto ao lado.


Daniel Maia-Pinto Rodrigues, O Afastamento Está Ali Sentado, Vila Nova de Famalicão, Quasi, 2002



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

50 álbuns: 6. Berthet & Foerster, CÃES DA PRADARIA (1996) -- pobre Calamidade...


Uma só vinheta na prancha inicial: um entardecer caminhando para o lusco-fusco, paisagem que parece situar-se no noroeste americano, assim o denuncia a vegetação. Em plano geral sobressaem cumes elevados e, em baixo, ainda distante, centrado e avançando na nossa direcção, um daqueles carros de que se compõem as míticas caravanas do colonos que deram corpo ao destino manifesto. Há uma envolvente dramática, um clima tenso e triste, soturno e pesado, que a chuva mais acentua e assombra. 
Duas filacteras, em cima, transcrevem, em discurso directo, parte de uma carta a uma filha, datada de Deadwood (Dacota do Sul), em 26 de Julho de 1876. Filha que está longe, à guarda dum pai adoptivo. Quem escreve lamenta-se pela distância, pela ausência, e está cheio de remorsos: "[...] peço a Deus que me perdoe do mal que te fiz..." Quem na escreve? Certamente o condutor, que vai, cabisbaixo, protegendo-se da chuva e da tristeza, pejado de crianças na direcção do orfanato de Rapid City, cujos pais foram vitimados pela varíola. Vemos as suas expressões apreensivas e tristes, o condutor, de costas, ruivo e de rabo-de-cavalo.
Até que se cruza com um velho conhecido  fora-da-lei, "J. B." Bone, em montada que arrasta o esquife do compaheiro de um assalto que correu mal, e cujo corpo, exposto à contemplação pública,  resgatara pela calada da noite: "Calamity! -- saúda Bone -- Sempre a correr as pradarias?" O cocheiro era, afinal, uma: Calamity Jane.  

Philippe Foerster & Philippe Berthet, Cães da Pradaria (196)
Lisboa, Meribérica/Líber, 1999, pranchas 1-2

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Rorschach

13-VIII-2013

Acabei a madrugada a lerWatchmen (1986) de Alan Moore & Dave Gibbons. Não sou um indefectível dos comics, Batman (dos grandes autores) e The Spirit (do Eisner) à parte, entre poucos outros.
Tour de force que deu mais densidade às narrativas de super-heróis (apesar de Bruce Wayne ou Peter Parker...), touxe-nos também um fantasmagórico Rorschach. Walter Kovaks de seu nome civil, filho de prostituta e produto do que se julga poder ser o crescimento infantil, dos alcoices até à institucionalização, traumas cuja existência se adivinha.
Chapéu, gabardine amarrotada, tanto quanto o gorro que exibe variáveis imagens de Rorschach, a cujo autor o anti-herói vai buscar o nome. Intuitivo, inteligente, Rorschach odeia os maus visceralmente, infligindo-lhe provações de violência e quase sádica, inflingindo terror aos delinquentes, como se fosse um Hannibal Lecter do bem, descontando-se a desordem canibal.
Capturado na sequência de uma cilada, cuja orquestração remete para o nó da narrativa, Rorschach é encarcerado numa prisão com mais de um recluso a querer ajustar contas passadas. Em anotações de trabalho, o psicoterapeuta da cadeia -- excelente momento do cap. VI -- resume um grave incidente ocorrido no refeitório, entre o mais fascinante watchman e outros companheiros de cárcere: "Vocês não estão a perceber. Eu não estou aqui fechado convosco, são vocês que estão aqui fechados comigo."

domingo, 15 de setembro de 2013

50 álbuns: 5. Hugo Pratt, A BALADA DO MAR SALGADO (1967) -- nem Bougainville nem Rousseau


«Sou o Oceano Pacífico e sou o maior». No meio do Pacífico, após fera tormenta a desmentir o nome do grande mar, um catamaran pejado de piratas das Fiji, capitaneado pelo desertor Rasputine, avista, o mar ainda revolto, uma chalupa de náufragos.

O Oceano dissera-nos do seu espanto por ver ainda à tona a embarcação nativa -- sinal do desembaraço da tripulação indígena, ou «algum pacto com o diabo» celebrado.
Rasputine lê a Viagem à Volta do Mundo, do barão de Bougainville, o mesmo que descrevera aquelas paragens nos antípodas como um paraíso terreal, em que a espécie humana não fora ainda corrompida pela civilização. O bom-selvagem do Rousseau vem daqui...
Os naúfragos são um casal jovem branco, passageiros do "A Jovem de Amsterdam", "uma bela galeota de milionários", diz o pérfido russo, acolhendo a sugestão dos seus marinheiros, já pouco partícipes dessa idílica visão bougainvillesca-rousseauna, de aprisionarem os desafortunados -- em troco de pagamento de resgate, claro está...

Hugo Pratt, A Balada do Mar Salgado
pranchas 1-2

domingo, 8 de setembro de 2013

50 álbuns: 4. Hermann, BABETTE (1984) -- foice-feixes-forquilha-carro

Tempo de colheita para os servos. As mãos cruzam-se, afanosas, foice-feixes de trigo-forquilha-carro de bois. O tempo está quente, e o característico rugoso do traço de Hermann mais sobressai. Na vinheta central da primeira prancha todos labutam, excepto um cão deitado ao lado dum canjirão ou jarro semelhante. Todos, menos Babette, em primeiro plano, que estaca olhando enlevada para fora do quadro. Observada pelo irmão, no cimo dos molhos de trigo, o pai é alertado: "Tenho a impressão de que a Babette tem outra paixoneta aí pelos bosques." Foice em punho, o chefe da família, sorrateiro, descobre e enxota o intruso, também ele especado, voltando-se depois para Babette na intenção de arriar-lhe o bastão. Subitamente, enquanto a rapariga ensaia a fuga floresta adentro, irrompe um veado espavorido do arvoredo, ouve-se um sopro de caça, cães e logo atrás cavaleiros avançam a galope pelo campo de trigo, espezinhando as espigas.


Hermann, As Torres de Bois-Maury -- Babette (1985), pranchas 1-2 

domingo, 4 de agosto de 2013

50 álbuns: 3. Sterne, O AVIÃO DO NANGA (1987) -- num inferno branco de neve e solitude

Um mapa centrado no Indocuche, abre a primeira prancha de O Avião do Nanga (1987), de René Sterne (1952-2006). O nome desta cordilheira afegã tem uma sonoridade com o peso de séculos, tempo que lhe empresta uma aura de terra mítica ou inventada, uma Camelote, ou coisa assim. E no entanto, o Indocuche existe; e ao contrário doutros topónimos congéneres – Cartago, Bagdade, Samarcanda, Timbuctu... – , cujo prestígio lendário pretérito não aguenta o confronto com a realidade presente, o Indocuche, por onde passou um raio chamado Alexandre o Grande e hoje brotam talibãs como as papoilas autóctones, persiste em desinquietar-nos, como uma vinheta de Hermann para um argumento de Greg...
Nessas montanhas, nesse "inferno branco" de neve e solitude, despenha-se um monomotor pilotado por Adler von Berg, um ex-desertor da Luftwaffe (já estamos em 1948), como viremos a saber adiante. Ileso, porém sem rádio e poucos víveres.  Ao longe, um carreiro de formigas é uma caravana de camelos da Bactriana. Um tiro despedido por Adler ecoa por entre as fragas himalaicas. Se ouviram, não se sabe. A meio caminho entre duas cidades, Gilgit e Laore, Adler exclama: «Desta vez é o fim... Estou perdido!»
Com as cores frias inicias que lhe deu Chantal de Spiegeleer (Kinshasa, 1957), a mulher do autor que nos é sugerida pela bela irlandesa Hellen, a narrativa suspende-se nas paragens mais garridas e não menos perigosas do Mar da China.
De Terry e os Piratas a Corto Maltese a errância e o exótico foram sempre um ingrediente da BD, de aventuras e para além disso.
Adler – O Avião do Nanga

texto e desenho: René Sterne

edição: Edições Asa, Porto, 1990

(alterado em 30-X-2019)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

50 álbuns: 2. Loisel & Tripp, MARIE (2006) -- é noite em Notre-Dame-des-Lacs

Uma noite calma, enluarada, talvez primaveril, talvez estival; semi-panorama da aldeia de Notre-Dame-des-Lacs, no Quebeque; apenas uma casa com luz, numa água-furtada. Vinheta a vinheta, vamo-nos aproximando, entrando na casa, franqueando a loja, com a salamandra ao centro, apagada -- enquanto o narrador, Félix Ducharme, nos fala da sua vida parada nessa casa-armazém que foi dos pais e agora é sua, e no único desvio que essa existência parece ter conhecido -- Marie Coutu, rapariga que trouxe doutra aldeia. Vamos subindo as escadas, vemos uma foto de casamento, até nos aproximarmos, na última vinheta da segunda prancha, duma porta entreaberta, que dá para um interior iluminado -- a luz que se via na água-furtada nessa noite, enluarada e calma.

Lido pela primeira vez nas páginas da BoDoï, com gáudio (como assinalei aqui).

Loisel & Tripp, Armazém Central (2006), pranchas 1-2.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

a poesia dos quadradinhos #1 - Fernando Cabrita

entro no Sunflower / onde em dias de sol se vende uma sopa vegetal quente, / ou o Dr. Atomic e os Freak Brothers,

Fernando Cabrita, O Portão das Colinas do Nada -- (Poemas da Cidade de Londres),
Sintra, Câmara Municipal, 1988 



terça-feira, 16 de julho de 2013

50 álbuns: 1. Tardi, ADÉLE E O MONSTRO (1976) -- lembro-me de Rascar Capac

Um panorama geral nocturno do Museu Nacional de História Natural, em Paris, por baixo a galeria de paleontologia. Hoje, 2013, um museu dentro do museu. (Eu já lá estive, e até me deparei com a vera efígie da especiosa Adèle Blanc-Sec). Estamos, porém, a 4 de Novembro de 1911. São onze e quarenta e cinco da noite. O ambiente é soturno. Tardi aproxima-nos, vinheta após vinheta, de um «Ovo de pterodáctilo (Fim do Jurássico) 136 milhões de anos. Ovo que começa a apresentar fissuras, para irromper na segunda prancha, dentro de uma vitrine que, ao quebrar-se nos prega um susto e faz lembrar uma outra, do arrepiante Rascar Capac (As Sete Bolas de Cristal). Adèle e o Monstro, pranchas 1-2.