Conta-nos a mitologia que que Erisictão, rei da Tessália, era um ímpio que um dia devastou um bosque consagrado à deusa Deméter. Esta, como castigo, introduziu no estômago do soberano Éron, a fome. A partir daqui, a sua voracidade não tem freio: como tudo quanto tem, delapida os seus tesouros por comida, vende a filha, Mnestra, como escrava. Esta, que fora amante de Posídon, ganhara o poder da metamorfose. Quando lograva voltava a casa, o pai tornava a vendê-la. Nada o sacia, e enlouquece, devorando-se a si próprio. Em A Fábrica de Erisicton (edição Chili com Carne, Cascais, 2021), André Ferreira aborda a destruição dos solos no Alentejo, pela agricultura intensiva que se pratica, directamente para os nossos inconscientes e tranquilos pratos.
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