Batman
pertence a esse universo, mas tal como os seus colegas mais interessantes
(Fantasma, Homem-Aranha, Demolidor) é demasiado humano. Em A Piada Mortal / The Killing Joke (1988), Alan Moore foge ao modelo
maniqueísta do herói vs. vilão: o Joker, arqui-inimigo e personagem central
desta história, ganha o estatuto de uma espécie de duplo do homem-morcego, cara e coroa de uma mesma moeda. Narrativa
impecável, flui em dois planos: o da actualidade – a fuga do Asilo Arkham e a
perseguição levada a cabo pelo caped
crusader, em que o Joker faz todo o mal para ser encontrado; e uma acção
pretérita que nos conta a origem do criminoso, presenciada pelo Batman. À
subtileza do argumento junta-se o desenho superlativo de Brian Bolland: nunca o
Joker pareceu tão horrível e tão frágil; e o Batman, saído há 80 anos do lápis
de Bob Kane, está terrivelmente espectral, ao nível dos melhores artistas que o
serviram, a começar por Neal Adams. (Editora Abril,
São Paulo, 1988.)
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