Criados em 1959, pelo belga Jean Roba
(1930-2006), Boule e Bill, um rapazinho de sete anos e o seu cocker spaniel, são das personagens mais
populares da BD francófona. As camadas de ternura aplicadas por Roba em cada vinheta, recriando um
universo idílico numa família de classe média, com pais disponíveis, mesmo
quando têm de impor regras, à criança (os tpc) e ao animal (o banho…),
conjugadas com um humor por vezes desenfreado, foram ingredientes seguros desse
êxito. Para Roba, o mundo já era suficientemente agreste para que os seus gags
não permitissem essa distensão de humor sobre um tempo em que a vida é um
recreio permanente, mesmo com vacinas e banhos obrigatórios…
As personagens inspiraram-se no filho
do autor e no cão da casa, o que explica a quase beatítude que a leitura destas
pequenas histórias proporciona, na procura duma inocência que só existiu no
tempo em que os animais falavam. Numa entrevista a Hugues Dayez (Le Duel
Tintin-Spirou, 1997), Roba afirmou: «acredito que o homem, num passado
longínquo, pôde falar com os animais, e que esse privilégio foi-lhe subtraído.
É isso uma maldição? Creio que sim.» Por vezes, encontram-se pontos de contacto
com o Calvin de Bill Watterson. Bill
não fala, mas pensa, e em pensamento dirige-se a nós, leitores.
A dupla continua, pelas mãos do
francês Verron (Grenoble, 1962). Os álbuns de Boule e Bill estão inéditos em
Portugal.
Roba, 60 Gags de Boule et Bill
edição: Dupuis, Marcinelle, 1962
edição: Dupuis, Marcinelle, 1962
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