Se
há assassinos profissionais por conta dos estados, justamente
execrados, há também os outros, indecentemente engravatados, que
oprimem os povos e lhes levam a guerra. Uns, pela chamada razão de
estado, fazem uma terraplanagem em territórios hostis, como sucedeu
com os russos na Tchetchénia; outros, quando não há razão
nenhuma, inventam-na, e aqui o cadastro dos americanos é imbatível.
E há as guerras mais ou menos “civis”, instigadas de fora, como
é o caso dramático da Síria.
Não se apagará da
memória deste leitor de BD a imagem, emitida por um telejornal, de
uma menina dos seus 10 ou 11 anos, num mercado de Damasco, a mão
dada à mãe, estremecendo de cada vez que, ao longe, explodia uma
carga lançada por um obus. As crianças são as principais vítimas
da guerra, continuam a sê-lo neste momento nos campos de asilo
espalhados por aí, à mercê de todo o tipo de predadores que
aparentam ser pessoas. Calcula-se que cerca de um quarto do número
total de refugiados, muitas sem adultos que velem por elas.
Nadia Nakhlé, realizadora de cinema de animação e autora de BD,
conta-nos, numa novela gráfica com um desenho deslumbrante, a
história de Amel (“esperança”, em árabe), que aos 12 anos,
depois de perder os pais, tem de abandonar família, casa, terra para
fugir à guerra. Os avós confiam-na a uma família que a faça
chegar à Europa, para sua salvação. Esta surge sob a forma de um
ex-soldado, tocador de oud, também ele em fuga. Les
Oiseaaux ne se Retournent Pas,
Delcourt, Paris, 2020.
Subscrevo as duras realidades do seu texto.
ResponderEliminarÉ um mundo cruel e injusto,sem dúvida.
Bom fim de semana se possível, num tempo tão difícil.
Obrigado pelo seu comentário, Maria.
EliminarTambém para si.